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Estudos apontam uma ligação entre a mobilidade urbana e saúde. Soluções para transportes e mobilidade em centros urbanos devem ser pensadas e planejadas com seriedade

Problemas relacionados à mobilidade urbana não devem ser tratados apenas como assunto secundário na agenda de “coisas a fazer” dos administradores públicos. A falta de investimentos para a locomoção das pessoas em grandes centros urbanos está intimamente relacionada à saúde da população. Foi essa a conclusão do epidemiologista Carlos Dora, coordenador do Departamento de Saúde e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Seminário Nacional NTU 2013.

Na ocasião, o médico trouxe informações sobre doenças diretamente ligadas ao sistema de transporte utilizado. O uso de carro, gerador de sedentarismo, aumenta incidência de doenças como obesidade, câncer e diabetes. De acordo com a OMS, essas doenças estão no topo do ranking entre as maiores causas de morte no mundo. Se somarmos esses dados à adoção de comportamentos de risco, como alimentação menos saudável e o aumento no consumo de cigarro e álcool, segundo o relatório da Comissão de Oncologia Lancet, divulgado em abril de 2013, poderemos chegar a pelo menos 38% no aumento de casos de câncer, isso num período inferior a 10 anos.

Além disso, de acordo com o especialista em poluição atmosférica e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, a poluição gerada nos centros urbanos, muito devido aos meios de transporte utilizados, matam anualmente cerca de quatro mil pessoas só em São Paulo. “Tudo o que está escrito no maço de cigarro, como câncer de pulmão, câncer de bexiga, prematuridade, abortamento, doenças respiratórias, tudo isso a poluição faz, felizmente numa escala menor que o cigarro, para o indivíduo. Em São Paulo há 20% de fumantes, enquanto há 100% de pessoas expostas a poluição, é um risco menor, mas do qual não se consegue escapar”, disse à Rádio Brasil Atual.

Solução deve ser pensada

O problema maior nas questões referentes à mobilidade urbana, transporte público e saúde está no fato de não bastar apenas construir vias rodoviárias, linhas de metrô e faixas de ônibus, como remendos à situação. É necessário um replanejamento do plano diretor da cidade. De acordo com Carlos Dora, a combinação de trajetos percorridos a pé, de bicicleta e por meio do transporte coletivo é o melhor modelo para a mobilidade urbana e, consequentemente, para a saúde das pessoas.

De acordo com Jeff Risom, coordenador de projetos de mobilidade do Gehl Architects da Dinamarca, hoje referência mundial na transformação de espaços urbanos em locais melhores para se viver, as cidades devem ser planejadas para pessoas e não para veículos. Os espaços para convivência e valorização de atitudes sustentáveis devem ser a base disso. Porém, segundo Risom, “antes de pensar soluções é preciso diagnosticar esses problemas com precisão”.

Um dos melhores exemplos disso é Bogotá, capital da Colômbia. Até o final dos anos 90, a cidade de 7,2 milhões de habitantes não contava com qualquer sistema de transporte decente, a exemplo de dezenas de cidades brasileiras. A partir de uma revolução urbana, o então prefeito Henrique Peñalosa (1998-2002) conseguiu implementar um sistema chamado Transmilênio, um modelo de acessibilidade urbana na América Latina.

Junto com isso foram necessárias mudanças de conceitos urbanísticos. Corredores exclusivos para ônibus, uso do solo radicalmente controlado, calçadas acessíveis e soerguidas, rebaixamentos padronizados e passarelas democráticas, restrição de estacionamentos, construção de espaços bucólicos de convivência, valorização de praças e a rede integrada de 420 quilômetros de ciclovias estruturadas, uma das maiores do mundo, com seguros estacionamentos de bicicletas . Tudo isso foi muito bem planejado e sincronizado à reforma estrutural da política de mobilidade urbana da metrópole.

O planejamento da cidade deve estar ligado intimamente com o princípio da sustentabilidade. De acordo com Carlos Dora, “por um meio mais sustentável (de transporte), você acaba conseguindo mais benefícios”. O ITPD (Institute for Transportation and Development Policy) criou o guia Our Cities Ourselves (A Cidade Somos Nós), cujo escopo é motivar a aplicação de dez princípios de sustentabilidade a diferentes cidades em todo o mundo, com esforços para reduzir emissões de carbono, proteger o meio ambiente e melhorar as condições de vida no espaço urbano com justiça social.

Otimismo?

Após as manifestações realizadas no país em junho de 2013, cujo estopim foi o aumento das passagens de ônibus e metrôs em vários estados brasileiros, veio à tona de forma superlativa a discussão relativa aos problemas referentes à mobilidade urbana e ao transporte público. Iniciativas de órgãos públicos e estudos referentes ao tema parecem ter se tornado pauta nas agendas políticas.

Providencias imediatas não irão sanar esses problemas. Mas projetos a longo prazo devem ser iniciados o quanto antes. Quanto mais se espera para começar os trabalhos, maiores e mais danosas são as consequências da emissão desenfreada de gás carbônico nos centros urbanos, pois mesmo os problemas sendo reversíveis, remediar nunca é a melhor solução. E, como vimos, isso interfere diretamente em nossa saúde e qualidade de vida.

Enquanto as políticas não dão resultados, o possível em termos individuais e mitigar danos para não piorar a situação, levando uma vida mais saudável, e diminuindo atividades que emitam poluentes. A eCycle dá dicas de como levar uma vida com uma pegada mais leve, sendo um consumidor consciente.



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